O que a NASA descobriu em 2025 sobre exoplanetas parecidos com a Terra
2025 foi um ano de grandes avanços — e de algumas decepções — na busca por mundos similares ao nosso. Veja os achados mais importantes, o que eles significam e como mudam a nossa visão sobre vida fora da Terra.
Uma breve introdução: por que 2025 foi importante
A caça a exoplanetas — planetas além do Sistema Solar — evolui a cada ano graças a telescópios e missões que conseguem detectar trânsitos, medir massas e, crucialmente, estudar atmosferas. Em 2025, a combinação de dados do TESS, de sondagens espectroscópicas e, principalmente, das observações do James Webb Space Telescope (JWST) e de outros observatórios trouxe um mix de descobertas promissoras e resultados que nos lembram como é difícil provar habitabilidade.
Em linguagem direta: tivemos planetas novos, imagens diretas, medições atmosféricas que descartaram hipóteses e relatórios que reavaliaram o tamanho real de mundos que antes pareciam “terráqueos”. Essas descobertas ajudam a filtrar candidatos e a afinar as técnicas que, um dia, poderão indicar bioassinaturas reais.
Webb e a atmosfera: TRAPPIST-1 d e outras medições que foram surpresa
Um dos resultados mais comentados de 2025 veio do estudo da atmosfera do exoplaneta TRAPPIST-1 d, um corpo rochoso do famoso sistema TRAPPIST-1. Pesquisas com o JWST reduziram as possibilidades de existência de uma atmosfera similar à terrestre nesse planeta — ou seja, as observações descartaram muitas das atmosferas “amigas” da vida que alguns imaginavam. Esse tipo de resultado é vital: ele mostra que nem todo planeta de tamanho terrestre em zona habitável tem necessariamente condições parecidas com a Terra. :contentReference[oaicite:0]{index=0}
Em termos práticos, o que os cientistas fazem é comparar sinais espectrais que podem indicar vapor d’água, dióxido de carbono, metano ou uma camada densa de nuvens. Quando essas assinaturas não aparecem onde eram esperadas, a comunidade precisa reavaliar modelos de formação e retenção atmosférica — especialmente em torno de estrelas anãs vermelhas, onde a radiação e atividade estelar podem evaporar atmosferas.
Planetas “da vizinhança”: o caso Alpha Centauri e o interesse renovado
2025 também trouxe sinais interessantes do sistema mais próximo do Sol: evidências fortes de um planeta orbitando uma estrela muito próxima ao nosso sistema — isso reacendeu discussões sobre observações dedicadas e missões futuras para os alvos mais acessíveis. Estudos recentes utilizando instrumentos de altíssima precisão apontaram para possíveis planetas no entorno de estrelas semelhantes ao Sol em sistemas muito próximos, o que motiva campanhas de observação e o uso intensivo do JWST. :contentReference[oaicite:1]{index=1}
A importância disso é óbvia: quanto mais perto está um candidato a “mundo parecido com a Terra”, maior a chance de estudarmos sua atmosfera com detalhe e, no futuro, até planejarmos missões (mesmo que robóticas) para observações diretas.
Novos planetas e novos desafios: TOI-2431 b e mundos extremos
Nem todos os achados de 2025 serviram para aumentar as chances de encontrarmos um “segundo lar”. Alguns exoplanetas recém-confirmados foram descritos como “do porte da Terra” mas com ambientes totalmente hostis — por exemplo, planetas que orbitam tão perto de sua estrela que sofrem temperaturas extremas e períodos de rotação curtíssimos. Um desses achados, anunciado por equipes que usam dados do TESS, chamou atenção por ter um “ano” de apenas algumas horas; o resultado reitera que o parâmetro “tamanho semelhante ao da Terra” não é suficiente para falar em habitabilidade. :contentReference[oaicite:2]{index=2}
Esses casos servem como lembrete de que precisamos cruzar informações: raio, massa, período orbital, tipo e atividade estelar, e — idealmente — evidência espectroscópica de atmosfera antes de rotular um planeta como “potencialmente habitável”.
Quantos “Terra-like” existem de verdade? Revisões e correções em 2025
Em 2025 pesquisadores também publicaram análises que colocaram em dúvida estimativas anteriores sobre o número de exoplanetas realmente parecidos com a Terra. Alguns grupos descobriram que muitos candidatos inicialmente classificados como “terráqueos” são, na verdade, maiores do que se pensava — satélites, ruídos de medição ou modelagens simplificadas podem inflar estimativas. Um estudo apontou que vários exemplos antes contabilizados como “tamanho terrestre” podem ser, de fato, super-Terras ou mini-Netunos. Isso reduz a lista de candidatos prioritários e ajuda a direcionar os recursos do JWST e do TESS para alvos realmente promissores. :contentReference[oaicite:3]{index=3}
Em outras palavras: 2025 foi um ano em que a triagem ficou mais apurada. Menos “ruído” e mais qualidade nas listas de candidatos é uma vitória, mesmo que, no curto prazo, diminua o número de mundos que parecem “família da Terra”.
Imagens diretas e mundos jovens: o exemplo de TWA 7b
Outro avanço notável foi a captura de imagens diretas de exoplanetas com o JWST e técnicas de bloqueio estelar (coronografia). Em 2025 equipes anunciaram imagens de um planeta do porte de Saturno em torno da estrela TWA 7, obtidas graças à capacidade do Webb em bloquear a luz da estrela e revelar objetos fracos ao redor. Embora TWA 7b não seja um “gêmeo da Terra”, a técnica usada é crucial: observar diretamente planetas e discos protoplanetários permite estudar formação e dinâmica, o que ajuda a entender como mundos terrestres surgem e sobrevivem em sistemas diferentes do nosso. :contentReference[oaicite:4]{index=4}
A imagem direta é uma ferramenta de diagnóstico: revela anéis, nuvens de poeira e a arquitetura geral do sistema — elementos que influenciam se um planeta rochoso pode manter uma atmosfera estável e água líquida a longo prazo.
Planetas perdendo atmosfera: estudos em tempo real
Em 2025 também houve observações de planetas jovens perdendo atmosfera rapidamente devido à radiação intensa de suas estrelas. Esses casos, capturados por telescópios como o Chandra e instrumentos ópticos, mostram processos de “evaporação” atmosférica que transformam mundos inicialmente gasosos em núcleos sufocados — processos que podem explicar por que alguns planetas próximos a estrelas anãs ficam sem ar denso. Essas descobertas são essenciais para modelar a evolução de planetas e para entender por que muitos mundos parecidos em tamanho com a Terra podem, na realidade, ser inóspitos. :contentReference[oaicite:5]{index=5}
O que tudo isso significa para a busca por vida?
Há duas leituras principais a extrair das descobertas de 2025. A primeira é prudente: nem todo planeta “do tamanho da Terra” é um bom candidato à vida; a presença de uma atmosfera adequada e de condições estáveis a longo prazo é mais rara do que se imaginava. A segunda leitura é prática e otimista: ao filtrar candidatos com mais rigor (medindo atmosferas, massas e ambientes estelares), a comunidade científica concentra esforços nos poucos alvos realmente promissores — isso acelera a chance de um dia detectarmos sinais inequívocos de processos biológicos.
Em suma, 2025 não nos deu “a Terra 2.0”, mas entregou ferramentas e dados que tornam a busca mais eficiente e cientificamente robusta. Cada planeta descartado por falta de atmosfera ou por ser maior do que aparentava é um ganho de conhecimento.
O que vem a seguir: observatórios e missões para a próxima década
As lições de 2025 moldam o roteiro de missões futuras. Projetos como o conceito Habitable Worlds Observatory — e upgrades em missões existentes — priorizam instrumentos capazes de obter espectros detalhados de atmosferas e fazer imagens diretas com sensibilidade maior. Além disso, campanhas combinadas (TESS para detectar, JWST para caracterizar, observatórios terrestres para massa e dinâmica) serão cada vez mais a regra. :contentReference[oaicite:6]{index=6}
Isso significa que, embora a confirmação de vida extraterrestre ainda seja incerta, o caminho para chegar lá está sendo pavimentado com tecnologias e critérios mais rígidos — e com um entendimento melhor do que realmente faz um planeta ser “parecido com a Terra”.

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