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Mulheres vivem mais que os homens, porque?

 Ao entender as razões, os cientistas esperam ajudar ambos os sexos a envelhecer melhor.


Homem e Mulher


“Embora mulheres vivam mais que homens, passam mais tempo com menos saúde", diz estudo

“Embora mulheres vivam mais que homens, passam mais tempo com menos saúde”, diz estudo
Na maioria das consultas médicas, os sintomas das mulheres não são levados a sério, e ao adiarem o próprio cuidado para cuidar dos outros, elas enfrentam diagnósticos tardios.
De acordo com um estudo do Instituto McKinsey Health (MHI), as mulheres, ao ficarem sobrecarregadas com o trabalho de cuidar dos outros, acabam negligenciando seu próprio bem-estar, o que resulta em diagnósticos errados ou tardios para mais de 700 doenças. Além disso, elas arcam com custos mais altos em cuidados de saúde, gastando 18% a mais do que os homens, e enfrentam desigualdades significativas nesta área.

Ao longo da história, as mulheres foram limitadas a papéis pré-definidos, sendo a maternidade vista como sua maior contribuição esperada. Embora para muitas a experiência de ser mãe seja profundamente significativa, é fundamental compreender que as aspirações e os objetivos das mulheres vão além dessa expectativa. Assim como os homens, elas devem ter a liberdade de escolher como querem viver, sem serem limitadas pelas imposições de gênero.

A pesquisa do instituto, que aborda essa questão de gênero, inclui mulheres da América Latina. Outro estudo da Deloitte também aponta que, durante os anos produtivos, as mulheres passam 25% mais tempo com a saúde comprometida, desafiando a ideia de que vivem mais apenas por terem mais saúde. Elas são, na verdade, sobreviventes, e é crucial que essa realidade seja transformada rapidamente, de acordo com as autoras.

É necessário garantir o direito das mulheres à saúde. O Instituto McKinsey Health, em colaboração com o Centro de Saúde e Assistência Sanitária do Fórum Econômico Mundial (WEF), também revela que resolver esses problemas adicionaria mais de 51 bilhões de dólares ao PIB anual da América Latina até 2040.

“O triste fato é que, embora as mulheres vivam mais que os homens, passamos mais tempo com a saúde debilitada”, afirma Stephanie Sassman, líder de saúde da mulher da Genentech/Roche.

Valentina Sartori, sócia da McKinsey & Company e líder afiliada do McKinsey Health Institute, destacou que “apenas 5% das doenças em mulheres são devido a condições específicas do sexo feminino (saúde materna e cânceres ginecológicos). Outros 4% são causados por condições que afetam as mulheres de maneira diferente, como doenças cardiovasculares, e 47% são doenças que as afetam de forma desproporcional, como doenças autoimunes ou enxaquecas.”

Na maioria dos casos, quando são atendidas por médicos homens, “as mulheres vão à sala de emergência e são mandadas de volta para casa enquanto estão tendo um ‘ataque cardíaco’.”

“As mulheres devem ser as responsáveis por levantar essas questões, com o objetivo de resolver os problemas de saúde da mulher”, destaca o relatório, que enfatiza que isso é algo além da simples representatividade. (Leia o estudo completo no final da matéria).

Mulheres são levadas menos a sério nas consultas
A forma como os médicos interpretam a dor das mulheres pode ser diferente da percepção da dor nos homens, segundo pesquisadores. Essa diferença de percepção pode levar a interpretações machistas e equivocadas sobre a intensidade da dor relatada pelas mulheres.

Um estudo divulgado em agosto de 2024 mostra que médicos tratam de maneira desigual a dor entre homens e mulheres durante as consultas médicas. A análise, realizada em hospitais de Israel e dos Estados Unidos, revela que as mulheres esperam mais tempo para atendimento e têm menos chances de receber analgésicos do que os homens. As conclusões foram publicadas na Proceedings of the National Academy of Sciences.

Segundo Alex Gileles-Hillel, coautor do estudo e médico-cientista no Centro Médico da Universidade Hadassah-Hebraica, em Jerusalém, em entrevista à Nature, “as mulheres são vistas como exageradas ou histéricas, enquanto os homens são vistos como mais estoicos quando reclamam de dor”.

Os pesquisadores chegaram a essa conclusão após examinar mais de 20 mil registros de alta de pacientes atendidos em emergências de hospitais dos Estados Unidos e Israel, que buscavam tratamento para dores “não específicas” — ou seja, sem causa aparente. A pesquisa revelou que, ao chegarem aos hospitais, as mulheres tinham 10% menos chance do que os homens de ter sua dor registrada com uma pontuação — uma escala de um a dez fornecida pelo paciente para indicar a intensidade do sintoma.

Além disso, no Brasil, a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) aponta que as mulheres negras têm acesso reduzido à saúde em comparação com a população branca. O levantamento também destaca que 11,9% dos negros e 11,4% dos pardos foram alvo de discriminação nos serviços de saúde. O maior grupo populacional do país são as mulheres negras, totalizando 60,6 milhões, sendo 11,3 milhões de mulheres pretas e 49,3 milhões de mulheres pardas, que juntas representam mais de 28% da população brasileira.

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